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20/09/2021 by Publisher AEL

Ambientação e História – Parte 2

Ambientação e História – Parte 2
20/09/2021 by Publisher AEL
Palácio Guelfo em Florença

Mas, pela influência francesa, próximo ao papa Bonifácio VIII, Carlos D’anjou, Conde de Provença, da linhagem dos Capettos, paladino das intenções papais, aliado a um exército de provençais, languedocianos e franceses, trouxe de volta, seis anos depois, novas esperanças e os Guelfos ao centro do poder florentino, após a morte de Manfredi em combate (cujo corpo só foi encontrado dois dias depois de finda a batalha, enterrado sem honra sob um monte de pedras). A luta pela reconquista foi tão sangrenta quanto as outras, e dizem alguns historiadores que o rio Calore, que cortava a região, tingiu-se de vermelho, notabilizando as perseguições e a furiosa vingança guelfa com a benção do papa.

Contudo, todas as esperanças ruíram novamente quando, apenas dois anos depois, o exército gibelino, comandado pelos herdeiros da família alemã Hohenstaufen, foi exterminado e seus chefes foram publicamente decapitados em Nápoles. Aquela situação contínua afastava, definitivamente, as esperanças de paz para a região. Apesar das lutas constantes entre as facções rivais locais (cujo motivo remoto parece ter sido o assassinato de um jovem marido infiel da família Buondelmonte pelos membros da família Amidei, o quê poderia muito bem ter servido de inspiração para W. Shakespeare e seu texto Romeu e Julieta, com breves alterações, dadas as coincidências) a infância de Dante corria mais ou menos dentro da normalidade. Aos oito anos de idade já demonstrava grande interesse pelas letras e seu pai, que reuniu condições materiais suficientes o levou aos estudos e pode, então, começá-los com os Beneditinos e os Franciscanos no convento de Santa Cruz.

Embora rica, a cidade de Florença não rivalizava culturalmente com outras da Toscana como Bologna, Arezzo e Siena, cidades que possuíam universidades famosas e efervecente vida cultural. Dante teve de enfrentar a escassez de mestres na língua, mas teve educação primorosa. Em pouco tempo, graças à sua inclinação natural para a poesia, pode se aproximar dos notáveis do convento e cedo iniciou os seus estudos do Trívio – que compreendiam conhecimentos singulares de latim, de retórica e de dialética, mais voltados para as artes, e anos depois já podia estudar o Quadrívio que abrangia a aritimética, a geometria, a música e a astronomia, enfim, de conteúdo mais filosófico, currículos franqueados à juventude rica da época, ainda que sem acesso aos avanços e grandes conhecimentos produzidos pelas outras cidades mais evoluídas.

Dante ficou órfão de mãe aos treze anos e a aos dezoito anos, casou-se com Gemma Donati, a partir de um arranjo bem articulado pelo seu pai, para garantir-lhes a fortuna. Com ela Dante tem três filhos: Pietro, Iacopo e Antonia e talvez um quarto chamado Giovanni, mas nenhuma vez estes são citados em seus textos. Sua mãe, contudo, era-lhe uma imagem amada, constante e recorrente, e a própria Divina Comédia a apresenta sob diversas formas.

Aristóteles – A Inteligência

Já então a obra de Aristóteles – seus diálogos e estudos acroamáticos: a metafísica, a lógica, a física, história natural, matemática e psicologia – parva naturalia – estudos de Ética, Política, Economia, Poética e Retórica -, cala profundamente em sua consciência.

Esta base teleológica é o fundamento intelectual da própria Igreja Romana, que já havia feito uma reforma do ideário platônico que a conformava, e era natural que dominasse a mente do jovem Dante, arremessando-o ao mesmo tempo de encontro a uma realidade conturbada socialmente, em que via a sua família, sua amada, seus amigos e sua própria vida em meio a um profundo caos de interesses e jogos políticos, sociais e econômicos escusos e efervecentes. Dante era um monarquista, cria, como os mestres Platão e Aristóteles, que este era o melhor meio de governo e defendeu esta tese em um livro “De Monarchia“ dividido em três volumes, e datado de 1298, provavelmente.

Talvez seja este o primeiro tratado político inspirado na filosofia escolástica que procurava explicar a política medieval através dos fundamentos teológicos do Estado moderno. Com Egino di Collono e Tomás de Aquino, Dante Alighieri institue o tripé intelectual que fundamenta os princípios políticos e religiosos moldados no aristotelismo que empolgou o admirável sistema filosófico conhecido como Escolástica – uma nova interpretação do cristianismo e de sua influência sobre o Estado e a forma de exercer poder sobre as pessoas até hoje.

No texto Dante reflete conceitos de direito – a lei divina, a lei natural e a lei humana que merecem ser sempre revistos. Sua concepção medieval cristã constitue os primórdios de um direito público até então desconhecidos. Ele, contudo, era frontalmente contrário à Igreja que se arvorava no poder Temporal, e deixa isso bem claro neste livro, quando faz críticas severas ao papa Bonifácio VIII e à sua permanência teimosa enquanto representante do poder Supranacional sobre diversos países europeus. Ao afirmar que um Imperador não deveria se submeter ao papa, e que podia, talvez, no máximo, pedir-lhe a benção, como um bom filho bom a um pai, Dante arrumou uma grande briga com o clero. Este texto seu foi condenado à fogueira pela Inquisição e entrou no Index Librorum Prohibitorum (o catálogo das obras proibidas pela igreja como ofensivas ao cristianismo e ao poder do papa.)

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Publisher AEL(https://adivinacomedia.aescolalegal.com.br)
Jornalista, Professor (Sociologia e Literatura de Língua Portuguesa- Brasil), Escritor - Pos-grad Ciência Política

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@ copyright 2002. A Divina Comédia de Dante Alighieri - Uma Alegoria Metafísica (Esotérica) - Quattro Sensi + (3)
Por Volmer do Rêgo

Volmer do Rêgo: Autor

Jornalista, Assessor de Imprensa, Escritor e Professor

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