Os centauros nasceram dos sonhos dos gregos que amavam os cavalos. De todas as uniões entre homens e bestas esta sempre foi a mais aceita de todas. Metade homem e metade cavalo, eram seres extremamente passionais, como seus companheiros, os sátiros. Suas paixões, contudo, foram uma maldição que os acompanhou desde seu surgimento. Diz uma lenda que um centauro se enamorou de uma orgulhosa mulher, mas esta não parecia ter nenhum interesse por ele. O centauro enviava-lhe poemas, realizava grandes festas para conseguir-lhe o coração, mas ele não lhe parecia suficientemente bom e ela não se dignava sequer a sorrir-lhe ou mostrar-lhe algum apreço, apesar de todos os seus esforços.
O tempo passava e o centauro envelhecia a olhos vistos, a cada ano que não tinha seus desejos realizados sua forma animal envelhecia dez anos, até que morreu. Fez, porém, dois desejos antes de morrer – que o coração da mulher se transformasse em um pedaço de pedra, o que de fato ocorreu e não só o coração, mas todo o corpo dela se transformou numa estátua, e que os centauros jamais passassem pelo que ele passou. Por isso os centauros passaram a fazer o que fosse possível para ter seus desejos correspondidos.
Os centauros se reuniam em manadas, e o líder era sempre o mais forte e o mais sábio dentre eles. Com a sua morte uma competição deveria determinar o novo líder. Geralmente eram competições de força física e de inteligência, mediadas por sátiros, amigos íntimos daquelas bestas.
Esta prova tem raízes na origem dos centauros. Quíron, o primeiro centauro líder treinava humanos para se tornarem heróis. Mas uma flexa envenenada lançada pelo seu melhor amigo em suas costas quase o matou. Como ser imortal a flexa só lhe causava uma grande dor, mas a ferida não sarava nunca. Para escapar desta dor, Quíron ofereceu sua imortalidade ao amigo Prometeu. Zeus, ao ver o sacrifício de tão nobre criatura decidiu enviar uma imagem ao céu onde Quíron passou a ser chamado de Sagitário, o arqueiro.
Centauros – outra lenda
A formosa raça dos centauros habitava as regiões montanhosas de Arcádia e Tesalis, na Grécia. Devia ser uma visão impressionante a de uma tropa de centauros galopando pela montanha, com as cabeças e troncos humanos sobre os poderosos corpos de cavalo. Sua nobre aparência, contudo, não concordava com seu caráter, e esta culpa deve-se a um desvio de conduta de uma de suas linhagens. Ixión, um renomado centauro foi o pai de um destes ramos da família centáurea, e Cronos – irmão de Zeus e deus do tempo – o pai de outra. Sem dúvidas os descendentes de Cronos e sua esposa Fílira, uma charmosa ninfa marinha, são de natureza muito diferente de Ixión.
Diz a lenda que Zeus convidou Ixión ao Olimpo para purificar-se de seus pecados, mas Ixión respondeu à sua hospitalidade tratando de seduzir a deusa Hera. Esta escapou e se transformou numa nuvem e Ixión teve que satisfazer seu desejo sexual com Néfele, uma outra nuvem criada por Zeus a semelhança da deusa, enganando ao impulsivo ser. Desta união maluca nasceram os primeiros
centauros que rapidamente demonstraram combinar a força de um cavalo com a maldade, a luxúria e a arrogância dos homens.
Gostavam de beber vinho quase tanto como de perseguir jovens adolescentes para se refastelarem sexualmente, e se encantavam com as suas próprias disputas quando bêbados. Só eram leais a Eros, deus do amor e a Dionísio, deus do vinho.
Quando havia uma cavalgada de centauros os homens tratavam logo de fechar a cadeados as suas mulheres e filhas dentro das casas. Os centauros descendentes de Cronos se mantiveram distantes destas patetadas, e um de seus filhos foi Quíron, erudito que levava vida pacata, encarregado de educar futuros heróis gregos.