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21/10/2021 by Publisher AEL

Inferno – Parte 8

Inferno – Parte 8
21/10/2021 by Publisher AEL

La bocca sollevó dal fiero pasto
quel peccator, forbendola a’ capelli
del capo ch’elli avea di retro guasto.

“E notei que grãos dentes afiados no de baixo o de cima ia cravando, à nuca, no furor dos esfomeados,…” Inferno – Canto XXXII – (vs. 127/128/129)

Ali, na Toloméia, os espíritos pecadores choram e suas lágrimas congelam e preenchem os vasos formados pelos ossos orbitais, o que, seguramente, provoca-lhes imensa dor. Dante sente um vento perpassando-lhe o corpo, apesar de estar insensível, e pergunta a Virgílio se é possível que aquilo ali ocorra. Depois soube que fora Lúcifer quem batera as asas, para manter o lago gelado.

A Toloméia, terceiro giro do nono Círculo, tinha também a propriedade de receber as almas dos traidores, eventualmente, antes da morte, permancecendo vivo na terra o corpo acionado por um demônio, até findar-se seu prazo de vida, quando o infeliz descia, então, às trevas congeladas.

Finalmente, no quarto giro do nono Círculo, Canto XXXIV está a Judeca (referência provável a Judas o Iscariotes) – em que se encontravam os que traíram seus chefes e benfeitores, embutidos em gelo, e imobilizados. Excetuam-se Judas, Brutus e Cássio, torturados por Lúcifer, pessoalmente.

Ante a visão deste ser diabólico e descomunal Virgílio exorta seu acompanhante a ser corajoso – “…eis Dite à tua frente, eis o lugar que exigirá de ti mais força e alento!…” Por sua vez, Dante declama, aterrorizado, no poema – “…não vou aqui minha reação narrar, leitor, que eu mesmo exata não a recordo, nem tintas tenho para a debuxar…” Atribui-se um significado alegórico às três faces da cabeça tripartida de Lúcifer – a vermelha representaria o ódio, a de cor baça (semi tom, pastel?), a impotência, e a negra, o erro ou o pecado.

E a face do lado esquerdo era a negra. E suas asas eram maiores do que a maior das velas de uma grande nau, e sua agitação produzia ventos em três direções, o que tornava o centro do inferno um lugar, paradoxalmente, glacial. Naturalmente Lúcifer, o mais belo dos anjos, agora monstruoso, tinha seis olhos e três queixos, e enquanto pela boca da frente engolia Judas, traidor de Cristo, pela boca negra, à esquerda, engolia Brutos e Cássio, traidores e assassinos de César imperador romano – iniciador da linhagem dos Papas. Passado o susto, ante a visão monstruosa do rei das trevas, os dois poetas penduram-se e descem agarrados aos pelos do corpo rígido e enorme do demônio mor, cruzam o centro da terra e saem, no outro hemisfério.

De onde está Dante olha curioso e estupefato para o demônio e o vê já de cabeça para baixo, pois tinha dado a volta no globo terrestre e preparava-se para sair do Inferno, por uma galeria longa e escura, desta vez sob o céu pontilhado de estrelas, de volta então ao mundo dos vivos. Eram sete e meia da manhã e Dante, mais uma vez, se surpreende, pois acabara de ver, há poucos passos, estrelas. Mas Virgílio lhe explica que a dificuldade reside no fato de terem passado de um hemisfério a outro.“…Quando fiz o giro, invertendo minha posição, eu passei, e tu comigo, o centro da terra…Passamos, pois, do hemisfério boreal, que é o nosso – onde estão os Continentes -, a este aqui, onde há quase só água, o hemisfério austral…”
Eis, porque, também, à saída do Inferno, Dante tenha visto o capeta de pernas para o alto.


“…Íamos, eu atrás, ele adiante, quando por uma fresta, as coisas belas nos sorriram, do espaço deslumbrante: E ao brilho caminhamos das estrelas.” Inferno – Canto XXXIV (vs. 136/137/138/139)

Dante imaginou o Inferno como um cone invertido com a base voltada para a superfície da terra e o ápice voltado para o centro, no fundo. Sendo assim o nono, e último Círculo era o menor e o mais profundo e escuro, e também a base do Inferno, onde se sustenta toda a sua estrutura. Ora, na cosmogonia da época, o sábio Ptolomeu, em seu sistema geocêntrico, imaginava a Terra como o centro do Universo, logo, Dante nos faz crer que o Inferno era o centro do Universo, a própria terra.

Uma explicação corrente para a existência do Inferno e de Lúcifer é que sendo este o anjo preferido de Deus, e estando sempre ao seu lado, fora movido por imenso ciúmes ao saber que o Ser Supremo criara o homem à Sua imagem e semelhança, e porque assistira de perto a esse ato da Criação, soube das fraquezas humanas e de posse deste conhecimento – o homem é falho – é que decidiu se vingar do Criador e de sua criatura. Teria Deus permitido isso?

Deus, inclemente, decidiu então jogá-lo no Inferno e dar-lhe um local (a Terra) para reinar e provocar/tentar o homem, como numa batalha entre os dois – o prêmio seria a alma do homem…Ora, você se sente disputado? Sua vantagem: dizem que Deus lhe deu o livre abrítrio. Mas, não seria o livre arbítrio um truque de Lúcifer? Você decide afinal. Se quiser saber mais leia o Fausto de Goethe.


Uma representação/simplificação gráfica do Inferno de Dante e seus nove círculos concêntricos. O buraco, na Terra, fora causado pelo impacto da queda de Lúcifer.

FIM DO PRIMEIRO LIVRO

Bicos de pena de Gustave Doré
Pinturas de Boticelli, Delacroix, Domenico di Francesco e Giotto.

Pesquisas e Referências Bibliográficas:


1) A Divina Comédia
 – 
Dante Alighieri – Tradução e notas por Cristiano Martins -Ed. Itatiaia
2) A Divina Comédia – 
Dante Alighieri – Tradução e notas de Italo Eugenio Mauro – Ed. 34
3) La Vida Nuova – Dante Alighieri – Ediciones Siruela – Selección de lecturas medievales – libro 13 – Madrid
4) História da Filosofia – Nicola Abbagnano – Editorial Presença – Lisboa
5) O Esoterismo de Dante – René Guénon – Edit. Vega
6) Da Monarquia – Dante Alighieri – Trad.e introd. João Penteado E. Stevenson – Ed. Publ. Brasil SA
7) Mais Provençais
 – Augusto de Campos – Cia. das Letras
8) Arte e Beleza na Estética Medieval – Umberto Eco – Ed. Globo
9) Eneida – Virgílio – Trad., txts e notas: Tassilo Orpheu Spalding – Ed.Cultrix
10) Odisséia – Homero – Trad. Antonio Pinto de Carvalho – Difel-Difusão Editorial S.A.
11) A Arte de Amar – Ovidio – Trad.: David Jardim jr. – Ediouro
12) Semiótica
 – Charles Sanders Peirce – Ed. Perspectiva
13) Arte Medieval – George Henderson – Ed. Cultrix
14) Dicionário de Latim/Português – Octávio A.P. Queiroz – Ed. LEP S/A
15) A Bíblia de Jerusalém – Ed. Paulinas
16) Enciclopédia Brittanica – Verbetes
17) Nova Enciclopédia Folha Ilustrada – Volume 2
18) História da Ordem Internacional 
– Carlos Roberto Pellegrino – Ed. Brasiliense
19) Vivendo a Filosofia –
 Gabriel Chalita – Atual Editora
20) Santo Agostinho –
 Garry Wills – Trad. Ana Luiza Dantas Borges – Ed. Obejtiva
21) Os Pensadores – Abril Cultural
22) O julgamento de Sócrates – 
Isidor Feinstein Stone – Cia. das Letras
23) Fundamentos Básicos de Filosofia – Os Pré-socráticos – 
Volmer do Rego

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Publisher AEL(https://adivinacomedia.aescolalegal.com.br)
Jornalista, Professor (Sociologia e Literatura de Língua Portuguesa- Brasil), Escritor - Pos-grad Ciência Política

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@ copyright 2002. A Divina Comédia de Dante Alighieri - Uma Alegoria Metafísica (Esotérica) - Quattro Sensi + (3)
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Volmer do Rêgo: Autor

Jornalista, Assessor de Imprensa, Escritor e Professor

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